Prevenção do discurso de ódio e segurança de comunicadores (as) comunitários (as).

 Violência contra jornalistas e discurso de ódio estiveram em pauta no evento promovido pelo Criar Brasil no dia 20 de setembro. Com a presença de representantes da comunicação comunitária – como Agência de Notícias da Favela (ANF), o Fórum Grita Baixada e do Jornal Impacto, de Magé – o seminário aconteceu no Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro e contou com a participação da coordenadora da ARTIGO 19 e representante da Rede de Proteção de Jornalistas e Comunicadores, Maria Tranjan, e da Diretora da Escola de Comunicação da ECO/UFRJ e coordenadora do Grupo de Pesquisa PEIC/UFRJ, Suzy Santos.
 Pela manhã, o tema foi a segurança de jornalistas, com destaque para a comunicação comunitária, mais vulnerável a ataques. Comunicadoras e comunicadores de favelas e periferias do Rio de Janeiro relataram casos pessoais e os relatos trazem à tona o Estado como um dos maiores violadores do direito à comunicação dentro dos territórios, que convivem ainda com ameaças e cerceamentos do tráfico e da milícia. Um Guia prático para segurança de comunicadoras/es comunitárias/os com recomendações e informações para o jornalismo seguro com foco na realidade das mídias livres e comunitárias foi distribuído para os participantes, que tiveram ainda orientações sobre protocolos de Segurança elaborado pela ARTIGO 19.
 No debate da tarde, a constatação de que o discurso de ódio se disseminou de tal forma no Brasil que rompeu barreiras, ocupou espaços e impregnou parte significativa da população. Ele tem consequências concretas no aumento da violência política, em ataques, na intolerância que marca presença no cotidiano. Os participantes discutiram a responsabilidade da mídia tradicional, como rádios e TVs, e das redes sociais, um quadro agravado pelo discurso oficial marcado pelo ódio. Nas discussões, ficou clara a dificuldade, inclusive de comunicadores, de identificarem as narrativas intolerantes que são realizadas em nome da liberdade de expressão. Como conclusão, a necessidade urgente de iniciativas concretas para abrir o diálogo e impor limites que preservem a dignidade, a vida e a democracia.